quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Meu querido amigo
se a casa é tua
não penses que não
te molhas só
porque te escondes
da chuva.
O que é teu como
posse também é parte
de ti.
Lá porque não a vês
não significa que ela
já não molhe.
És mesmo egoísta,
finges que nada se passa
quando o resto das coisas
se molham à chuva.
Porque não dás casa
à tua casa para que
ela não sofram já que
te protege?
O que te tornou insensível
aos demais?
O que te fez perder o
tacto que vai além da tua pele?

Meu querido amigo
tudo o que sofre tem
de sofrer e alguém
tem de sofrer derradeiramente
para que tudo se aguente
pois não podemos construir
casa sobre casa sobre casa
nem podemos parar as nuvens
porque apesar de tudo nos
protege de morrer de sede.
Amigo, amigo o mundo
é necessariamente
injusto
e tu um mau júri,
um observador de crimes,
um impotente face ao
esquema moral da
vida, uma peça
tão descaradamente má
como subtilmente
boa.
Tão útil como dispensável.
És só, se não apanhares chuva
uma seca besta amável.

2/11/2015

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