quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Encontrei, no meu primeiro relacionamento sério, ou o mais sério possível para um adolescente, o significado e a vivência duma paixão, tudo era possível entre nós, tudo tinha uma acordo, até o inconciliável e tudo isso era firmado sempre com sexo e o pós-carinho que normalmente nos conforta depois de nos darmos tanto e tão animalescamente. Fui traído e tudo caiu.
No meu segundo relacionamento, já mais sério, mas ainda da ordem de inconsciência de onde provêm os sentimentos de apego face à solidão que sentia, aprendi o sacrifício e a devoção, o preocupar-se com o outro mais que consigo, o meu quase ideal "amante perfeito"- apesar de não o ter chegado a colocar em prática e talvez tenha sido esse o motivo do fim, acrescentando a minha incapacidade de lidar com a rejeição, ainda que fosse um pedido inconsciente de ajuda.
No meu terceiro relacionamento, este já assumido de consciência na sua génese, por ter sido uma transmutação de amizade a amor, não lhe pude ter coerência do mesmo género ao longo dele, pelo sentimento de culpa por ter o anterior partir, fiz tudo o que pude para me manter perto dela e ela perto de mim. A um ponto que se tornou ineficaz fazê-lo, se é que alguma vez foi. Aprendi sem dúvida o valor do espaço próprio na relação, da individualidade face à partilha que é amar, pude ver em mim a mutação em o tal "amante perfeito", ainda que se tornassem  depois evidentes os erros desse meu ideal.
Com isto tudo compreendido, firmei recentemente a minha posição para com o amor (pode ser que seja recente face ao quão novo é o trauma);a de distanciamento. Não porque sofri demais, além daquilo que amar me poderia fazer feliz, mas porque me prende a criação artística. Amar é uma criação constante. Agora sou adepto da paixão porque ela nada me pede a não ser que me entregue, tal como a minha adorada poesia.

12/10/2015

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