quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Hoje doí-me existir. Ficar aqui neste sitio corporal que sou, enche-me de algo incompreensível como isto: a minha alma rejeita meu corpo como a cara a um piercing. Mas eu não escolhi existir, tal como não pude de facto escolher tudo que me aconteceu e fiz até hoje. Sou fraco perante mim como qualquer um, necessariamente, todos são. A vida passa e não me sinto ir com ela como um comboio no qual não entro por motivo nenhum. É isto morrer?
A faculdade virtuosa de ter paciência para mim parece impossível de atingir. Quero-me mais rápido, melhor, mais vivido, mais completo e quero-o tudo duma vez. Não há história mais bela de mim no mundo que a de não existir. E neste dia de sol e calor, em que já não compete ao sol acalorar desta maneira o dia, sinto-me sem temperatura... e não cumpro senão, além de estar vivo, o meu papel na Terra. É tudo que me peço e não trago surpresas, nem dias mais quentes a ninguém. Não me agrado. Não me aqueço, sou tudo o que não fiz sem fazê-lo, devo ser provavelmente uma pessoa imaginada.

14/10/2015

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