domingo, 30 de agosto de 2015

É chato, em tudo o que vale a pena, esperar
sem saber quando é a minha vez. É terrivelmente
desafiante estar pronto e ainda não ser
a altura certa. O arranque é a altura de maior
dispêndio de energia, estar sempre pronto
é mais cansativo e difícil que aquilo para
que estou pronto. Talvez seja por isso
que viver me canse, estou constantemente
a me preparar para morrer e sei que será sempre
mais próximo mas nunca sei quando será
e a tensão latente aumenta e as cordas da força vital.
sensibilizam-se e sinto morte em tudo, em todo lado.
Mesmo que nada faça, sentir tudo isto em mim- que pode
fruto da tensão ou o que me leva a ficar tenso- torna-me
mais sensível. Talvez quanto mais sinto mais perto esteja
de morrer, isto é, mais perto ainda mais rapidamente
ainda do que tempo correr.
De vez em quando um brisa fria aconchega-me, sinto
qualquer parte de mim a deixar-me, ouço-lhe o adeus
e nem lhe respondo porque morrer é um pergunta
sem resposta. Uma retórica perfeita ao estar vivo.
E tudo isto é chato, tudo isto é um preparo para algo
que não sei o que é, talvez seja morrer lentamente,
e talvez valha a pena esperar,  talvez valha a pena morrer
dependendo da vida que se tenha.

5/8/2015

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