Estou hoje sentado
numa esplanada sem
horizonte num
dia sem frio
que equilibre
o calor, atento
como se estivesse
longe de casa e não
quisesse fundir-me
a mim mesmo.
Estou distantemente
sentado sem sentir
calor nem
a cadeira debaixo
de mim.
Reparo atentamente,
desta forma a longínqua,
o que é fora de mim.
Parece que tudo
sofreu um melhoramento
e não estou desconfortável,
a senhora sentada perto de
mim e não distante de
si mesmo lê.
Quem me dera
saber a que
sabe ler sendo
ela.
Mas sei só que
ela é gorda, tosse
e tem um sinal
na cara, pedi-lhe
um isqueirinho,
e como se tudo
que é pequeno
fosse mais fácil
de nos agradar ela
sorri-me
mais magra,
sem tosse e sem
o estigma dum sinal
grande na cara,
emprestando-me
o isqueiro,
exponencialmente
mais linda.
E enquanto
escrevo olho-a
de novo sem vontade
de sorrir, ainda
sentado sem sentir
calor e perco a
noção de ser este momento hoje.
Não é hoje o mesmo
dia em que estou sentado
e faz calor porque o
seu sorriso deu-me
horizonte.
Mudou a minha
visão atenta e a
minha consciência
insensível para
uma imagem que não
existe e um sentir
sem consciência de tempo.
Pudesse eu ser esse
tal sorriso sobre
que se escreve,
esse horizonte que
não se vê mas se
sente, esse combustível
de fazer voar ainda
que sentado:
que levasse o mundo
todo ao infinito
pelo simples mirar-me.
16/6/2015
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