domingo, 8 de março de 2015

Pode outra alma
de alguém que
morreu encarnar
num corpo habitado?
Será uma parte de
mim que estava
presa noutra
consciência de
ser alma?
Que fosse um
fragmento de
mim que me
é devolvido e
a alma aumentada;
não serei eu,
mais completo,
agora disponível,
de ser outro fragmento?
Quando alguém morre
eu fico mais perto
de morrer.
Quando todos morrermos
e só sobrar um, ele
será todos.
Não teremos mais para
onde ir e aí seremos
livres, em conjunto
como um só ou os
fragmentos como vários
que fora; indo pelo
Universo explorar
outras consciências.
Como se ter alma
fosse um praga.

Os meus temporais
nada me dizem e
me emocionam,
onde não sinto
haver nada.
Os meus antepassados
dão-me vida num
pensamento sobre
eles, uma expansão
de mim quando
escreveram, pintaram e
compuseram; e dos
que fizeram da sua vida
a criação mais artística:
a de existirem.
Não sei o que de mim
sente, mas é certo que
é mais que corpo,
quando os ouço
com a minha
voz na cabeça e eles
são mais meus pais
do que os meus pais.
Os braços deles aquecem-me
como se eu fosse o meu
próprio cobertor.
Sou mais de quem já
foi do que os que são.
Estou mais vivo nos
escritos dos mortos
do que nos olhos
dos que me lêem.

E escrevo para ninguém.
Dos que morrerem nunca
lhes darei o que me
podem dar, dos que
vivem comigo somo
um quase toque,
como o de aproximar
dois pólos magnéticos
opostos no limiar de
se tocarem e
dos que ficarem
depois de mim,
não saberei a
quantos chegarei
e se foi bastante
o que lhes deixei.

7/3/2015

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