segunda-feira, 2 de março de 2015

Olho um homem nu
ao espelho:
-Tão grande que estás!

Pés grandes como
as mãos que escrevem,
porque servem para
caminhar.
Para correr com força
e andar bem devagar,
pés achatados
pelo peso de divagar.
A formo como te olho
é diferente como olhas
para mim e somos
o mesmo, tu com
pluma grande e
eu a olhar assim:
sem foco ou lentes,
cru como nasci.

De cara para rosto
cresço em todas as
direcções sem nunca ir
para o oposto, não perdi
nada já meu e fui
de cara para rosto.
Ganhei do mais que
vinha lá de dentro,
sigo o curso com
este único tempo,
se não estivesse
eu destinado
em sempre ver
a minha vida
como um escravo
e um presidente.
Lidero-me em tudo
quanto me creio liderar
pois até quando
paro foi só porque
me quis parar.

Olho então de volta
no espelho e já sou
eu a criança, peso
o meu corpo com o dela
e peço-lhe
a mão para uma dança.
Da que faço quando
tento não separar nós
os dois pela mudança.
Pois tudo o que isto
foi, teve de o ser
até agora e não
teria sido se
não fosse ainda eu
a mesma pessoa que
sempre fora.

Largo a mão do encontro
e tiro o pé da água,
da feliz e boa mágoa
que vem de ver a cara
de quem eu era.

23/2/2015

Sem comentários:

Enviar um comentário