Fumar é
ser-se entediado
de si mesmo.
Há no fumo
a libertação de
respirar a vida.
De deixar de
ser alimentado
pelo combustível
certo;
desprendendo-se,
nos minutos
em que se fuma
daquele bocado
fictício de se morrer.
E o que há de
fictício em fumar?
Onde é que em fumar
se perde por momentos
alguma parte da vida
que não se perca
por já estar
vivendo?
Mas não querer
é tudo quanto
posso fazer
para esquecer
que estou destinado
a fazer tudo o que faço.
Não fumo pelo momento
em que fumo mas pelo
momento seguinte, em
que desejava não me ter
morto aquele bocadinho
ou que passasse um segundo
em que não ficasse mais
perto de morrer.
Há no fumo a máscara
de estar distante de tudo,
de me esconder debaixo
duma pedra.
E não há elevação
nenhuma debaixo
das pedras.
Possa talvez haver
em pensar sobre isso
enquanto se fuma
porque isso é
Não Fazer.
18/3/2015
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