A sinfonia de versos
que orquestro magoa-me
os ouvidos por não existir,
os gritos das exaltações
nas canções sem voz
e o tudo sem extremos
em que me precipito
a cair, aviva-me por
não me deixar existir.
Vive-se como remédio
a não morrer, não
como um fluxo mas
a um pertencer.
Ser-se de algo, ter
a máscara disso,
passar pelas boas
graças de todos
os que queremos
agradar para que
não nos tirem a
máscara e do grupo;
e quer-se agradar
o mais possível.
Ser como um manto
de neve persistente
que impede o chão
de florir e ser-se
tolerado porque
neve é chão também.
Nunca cavar.
O lancil entre o passeio
e a estrada está mais
seguro que por o pé
num lado ou
no outro.
E esta fina linha é
a gente toda.
Perceber que
me iludo doí-me
duma forma que
persiste o julgamento
que faço, que limpa
a neve que é caspa
duma cabeça pouco
saudável e me alegra.
Fortalece-me ter uma
língua só minha.
Enfraquece-me não
discutir com ninguém.
A música da rádio
da minha cabeça,
toco-a, em versos
com má acústica
e o instrumento
desafinado porque
não quero ser apreciado,
quero ser julgado.
11/3/2015
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