domingo, 19 de janeiro de 2014

Sempre que desço
tomo uma forma
parecida com
esta:
um monstro maior
que eu, que alimenta
a sua feiura pela
vergonha de ser
feio e a vergonha
de ser monstro,
não se gosta,
não se deixa gostar
e tentar ter força
através do que mais
lhe doí - o quase
não poder fazer
nada.
Quase nada é
o que sente
porque o que
falta também
é uma parte.
Quase nada
porque pensar
é só meio caminho.
Quase tudo o que
é vergonhoso é
tão grande como
nada.
Essa é a vergonha
do meu monstro,
não existir de todo.
Só em partes que não
existem que também
são partes, mas
são as que não sei
dar e por isso só
existem por metade.
Quase nada mas
o suficiente para
pesar.
Se fosse eu quem lê
o que escrevo seria
como pintar-me
eternamente
como não quero ser.
Como quase não sou.
Por isso escrevo de monstro
para monstro.
Do que se alimenta
de monstruosidades
ao que vive por ser monstro
e não se mostra a mim.
Porque não sou eu
quem lê.
Quem pensa sobre isso.
Eu sou só quem sente.
Não sei ler porque
o que sente não vê,
não toca, não saboreia
só sente e tentar
dar a sentir.
Esta para de mim
é, totalmente o que
sou.
Uma sensação de
si levada a viajar
por sítios sem tempo
ou lugar, um lugar
de imaginar, onde
quase vivo, se não fosse só.
Onde só sinto.
Onde só quase
minto, porque
tudo isto é
quase verdade.
Se fosse real.

14/1/2014

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