quinta-feira, 11 de julho de 2013

8/7/2013


Não há comparações.
Estou livre em ser
como sou.
Sou sujo e feio.
Sou raso e fraco.
Sou frio e alienado.
Sou tão primariamente
animal.
Se me lembrar de
como era antes de
ser assim, não há
memórias de ser
outra coisa.
Ser humano é ser
como sou.
Ser alguma coisa
que não "eus"
é ser humano.
Humano.
Incomparavelmente humano.
Acordado pelo sol
satisfeito com o calor
há em ser humano
como viver sem dor.
.................................................


Fiz-me mendigo.
Os dias sabem a calçada
e eu sei que eles acabam.
Tenho sempre calor de mais.
Estou urgente de viver
ou estarei a viver demais?
Jamais saberei enquanto
for onde estou o caminho,
se a calçada me queima
os pés ou se estou eu tão
frio que só por estar só
tudo me aquece.
A verdade é que o calor
me entorpece e faz dormir,
como tem feito.
O calor traz-me a dor
de saber que sou frio.
E o amarelo nunca mais chega.
Nem como conforto saudável,
nem como pétala refrescante.
Deixo-me e encontro-me
sempre nestas folhas,
onde acredito ser
mais que frio
onde não há calor.
Onde sou um rio
cujo fluir não
causa ardor.

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