quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Se calhar tenho
uma cama demasiado
grande, se calhar
não uso a secretária
e uso mal a
cómoda, se calhar
guardo coisas a mais
na mesinha de
cabeceira e poucas
na cabeça.
Deixo quase sempre
no quarto pontas
soltas, coisas que
comecei a fazer,
outras deixei por
acabar e algumas
ainda nem cheguei
a tentar mas por
algum motivo
deixei-as todas
desarrumadas
ou nalguns casos
das coisas que são
minhas nem lhes
procurei arrumação em
mim.
Ponho música alto
quando não ouço
músicas até ao fim
e baixo o som
para desfrutar
um álbum inteiro.
Ser assim
desconexo
é querer das
nas vistas com
o que não vale
a pena ser visto,
ou neste caso
ouvido.

O que tenho feito
são as minhas
coisas, úteis
talvez... boas
talvez... certas
talvez... minhas!
não sei.

Sei quem fui
porque sei
onde estava,
como lá tinha
chegado porque
o tempo fazia sentido
e porque lá estava
é a junção de tudo
isto pensado
no futuro.
Presente não
sei nada, não sei
porra nenhuma.
Não sei quem
sou como protagonista
da minha vida
e nem sei se
dou o protagonismo
a mim mesmo.
Não sei bem que
lugar é este onde
estou mas não sou.
Nem nada disto
se cruza e ajuda
a ver-me
fora do tempo.
Por isso estou
neste quarto
e espaço mental
como o descrevi,
tentando
arrumar as coisas
escrevendo, olhando
para elas sem querer
no meu campo de visão
à volta do caderno, que
nem sequer na secretária
está, porque precisa
de ficar vertical
como se fossem as
minhas pernas
um cavalete
e tudo isto
valesse a pena
ser pintado.

7/10/2015

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