quinta-feira, 4 de junho de 2015

Subtileza do meu preconceito
para com a vida faz-me
sentir livre como se tivesse
uma pulseira electrónica:
nada me prende fisicamente
mas tenho um certo
limite até onde posso ir.
Quando não reparo em
mim o limite é uma área
de conforto mas constante
que o meu sentir das coisas
sei que é uma área de desconforto subtil,
como se me aconchegasse com
a uma força que com
o passar do tempo
fosse tirando a circulação,
espremendo a vontade
de existir duma forma
cómoda e persistentemente
desagradável.
Não me liberto disto
como realidade mas
liberto-me como
me sinto
sobre isso.
Hei-de sempre ser
e estar numa prisão
de alguma coisa sobre
alguma coisa.
Serei sempre a sombra
dalguma objecto mais
real, serei sempre a sombra
do meu próximo segundo.
Estou limitado pelo
infinito correr do tempo.
Por pertencer a todas
as épocas a que
não pude assistir
e posso conceber
como parte de mim
porque se calhar estudei
História nas sombras
duma sala qualquer.

Sentir-me esta encomenda
intemporal de ter
emoções e pensar sobre
elas faz-me escrever
da mesma forma que
me obriga a viver.
Por isso sinto-me
refém, como um
corpo carregado,
nos ponteiros-braços
do tempo,
sempre me levando
a nova hora, raptando-me dos instantes.
E é nesta prisão
que posso ser mais forte e seguro,
deixo escritos, como pistas
nos trilhos, para
que me possam
encontrar e
me prendam no
instante que
me lêem e possa
eu ser um com
o momento.

3/6/2015

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