quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Auto retrato 3

Sou um buraco no estômago e uma dor
no peito, num quarto ameno.

Amanhã já foi tão importante para mim…
E hoje me vejo aqui, igual a ontem.

Os dias não contam, nem os versos
porque sei que um dia ficarei submerso.

E se já não estou é milagre porque
dentro de mim há um mar que se abre.

E luto com a alma e a poesia para que
ele me deixe sair e contemplar a maresia.

Mas eu não me cedo e não confio
porque se me perco em mim, amanhã não sorrio.

E sem fim, não desisto de me acalmar
pois todo o mar se acalma numa noite de luar.


11-5-2012 
(00:11 - 00:16)

3 comentários:

  1. Yuri, lendo com olhos de professora de língua, não posso deixar de lhe pedir que corrija o erro ortográfico "à um mar que se abre" para "há um mar que se abre", é o verbo haver a significar existir. Este poema Autoretrato 3 é
    de facto, um momento de grande introspeção
    pessoal, não é verdade? Considero de extrema importância a capacidade que tem em procurar a sua própria identidade,o conhecimento do mistério do ser que existe para se encontrar no labirinto das emoções e das vivências. Gostei particularmente deste ecodir do "eu" na simbiose do ser e do querer. Vamos lá dar larga`s ao acto da criação poética.
    PS. depois de ler este comentário, pode apagá-lo, para não se notar o reparo que lhefeliz. desculpe, não é defeito, é deformação de formação. Um beijinho. JB

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  2. Não tem mal, foi lapso meu... E agora que reparei, ri-me.
    Um dia gostaria de lhe explicar o significado deste poema, especialmente quando me refiro ao amanhã, em privado. Tenho a certeza que achará no mínimo engraçado...
    Beijinhos e obrigado pela correcção. Antes passar por olhos amigos que por olhos que julgam.

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    1. Yuri, quando quiser, pode explicar-me o significado, vou certamente achar interessante, quando explicado pelo próprio autor, porque o "eu poético" distingue-se do seu autor pelo distanciamento que consegue imprimir ao que escreve. Tudo tem um porquê, uma razão, um motivo, uma interpretação que não é exatamente a do leitor. Este, quando muito, infere sentidos, especula, divaga, mas está longe de compreender o sentir, a amplitude do mistério que escondem as palavras que na sua sonoridade, melodia e musicalidade dão lugar ao "puzzle" da desconstrução do texto. Mais uma vez, obrigada por esta lufada de ar fresco que alimenta a minha alma de quem vive agarrada à escrita e à leitura como um bálsamo para a vida. Um beijinho.

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